O ano era 2000. Enquanto o mundo ainda tentava entender o que era internet, eu tomava uma das decisões mais ousadas da minha vida: fundar uma empresa de tecnologia voltada para e-commerce. Um mercado recém-nascido, incerto, inexplorado — mas que, para mim, transbordava potencial.
Era desafiador. Eu vendia soluções que as pessoas nem sabiam que precisavam. Falava de loja virtual quando as vitrines ainda estavam todas nas ruas. Convencia empresários a apostarem em sistemas que soavam futuristas. E tudo isso enquanto eu mesmo aprendia, adaptava, corrigia. A cada avanço, uma nova barreira. A cada conquista, uma nova cobrança.
O empreendedorismo, naquele cenário, era feito de noites em claro, metas que se renovavam antes mesmo de serem batidas e um cansaço que se disfarçava bem.
Mas o corpo sente. A mente cobra.
E em algum momento, colapsei.
Hoje se fala muito em burnout — naquela época, nem sabíamos o nome.
Só sabíamos o que era acordar exausto.
Sem energia, sem propósito, sem ar.
Foi nesse momento que uma terapeuta me perguntou:
“Você tem alguma válvula de escape?”
A resposta era curta e brutal:
“Não tenho.”
E foi nesse vazio que o mergulho entrou.
Fui indicado a experimentar. Uma atividade diferente, desconectada de tudo o que fazia parte da minha rotina. Fui, sem expectativa. Só buscando respirar melhor, talvez pensar menos.
Lembro até hoje da primeira aula teórica, presencial, cheia de avisos sobre riscos e procedimentos. Me perguntei:
“Faz sentido isso? Será que é pra mim?”
Não sabia se eu seria um mergulhador, mas sabia que ia terminar aquele curso.
O ponto de virada aconteceu no checkout, em Ilha Grande.
Coloquei a cabeça na água, respirei pelo cilindro e… o mundo parou.
Silêncio.
Presença.
A paz que eu tanto buscava estava ali, embaixo d’água.
Foi como se eu tivesse reencontrado algo que não lembrava que existia:
o momento presente.
A respiração lenta.
A gravidade que alivia.
A natureza que acolhe.
Era como meditar com o corpo inteiro.
Essa experiência foi tão profunda que mudou meu eixo. Mergulhar passou a ser mais do que uma atividade. Era uma terapia, uma cura, uma bússola.
Anos depois, mais maduro e consciente, veio a segunda virada de chave:
Eu queria que mais pessoas vivessem o que eu vivi.
Queria ajudar gente comum a se reconectar, superar traumas, vencer o medo.
Foi assim que nasceu a Evidive.
Muito mais que uma escola de mergulho: uma experiência transformadora.
A Evidive foi construída com propósito. Estrutura impecável, sim. Instrutores capacitados, claro. Mas o coração do projeto era outro: transformar vidas através do mergulho.
Hoje, olho para trás e vejo como tudo se conecta. O empreendedor de tecnologia que vendia o futuro… hoje entrega presença. O Fabiano que vivia sem ar… hoje ensina pessoas a respirarem fundo.
Esse é o meu Passo de Gigante.
E o que mais me move é ver esse passo se repetir na vida de cada aluno que cruza nosso caminho.

Autor: Fabiano Silva – CEO e sócio Fundador da EVIDIVE